29.10.08
Nunca percebo o sentido do momento, no instante do momento. Aos poucos é que se torna visível o seu significado. Então, será que o momento que vivi, só se concretiza com o tempo¿
Diversas vezes acontece isso: Poderia citar uma lista de exemplos. Nesse instante, entretanto, citaria tudo, exceto passagens obscuras autodestrutivas, não suportaria nesse momento de solidão.
É. Nesse instante percebo algo (raro isso acontecer pois, como já falei, os sentidos só vêm a mim muito retardadamente). Percebo que lá fora há as ilusões, e não sei através de que força, ou em busca do quê, resolvi recolher-me a mim mesma, interpretar a minha efêmera e insignificante passagem por este planeta. Percebo nesse instante que posso fazer muita coisa, mas a fleuma impede o movimento inicial, percebo ainda que, nesse exato momento, qualquer coisa que fizesse seria apenas comigo mesma, percebo que a maioria de tudo que faço só tem sabor quando colocada em sintonia com os outros, percebo que sou egoísta, mas não sei viver sem os seres humanos, sem as idéias deles. Aqui, por medo talvez, não obtive sucesso em destilar a essência dos que me cercam. Sinceramente, sem remorsos ou hipocrisia ante minha arrogância sem limites, acho que muitos ao meu redor são vazios, mas menos por culpa, mais por falta de oportunidade. Seria eu, tão prepotente ao ponto de achar que a minha missão é dar esta oportunidade¿ Quem sou eu¿ Tão vazia quanto tantos, tão egoísta e mesquinha.
Não tenho complexos, quero ao menos ser sincera hoje, comigo mesma. É isso mesmo, exijo muito dos outros, e ainda assim não suporto a solidão. Acho que tenho direito de fazer tais exigências.
Agora, vim para mais uma oferta de mim, e dos outros para mim. É que não me acho no direito de deixar ninguém só, quando me pedem um pouco de atenção, não gosto de fazer isso porque sei muito bem o que se sente.
(Para corroborar minhas afirmativas, agora surgem pessoas ao meu redor, e as palavras e risos não cessam!)